segunda-feira, 31 de agosto de 2009

OS VAPORES DO RIO SÃO FRANCISCO


Navegação no Rio São Francisco

Durante toda a primeira metade do sec.XX os vapores foram uma constante no Rio São Francisco. Cortando as águas de Pirapora (MG) a Juazeiro (BA), os mais de 30 vapores navegaram levando passageiros e mercadorias de um canto a outro, promovendo a mistura de hábitos, sotaques, cultura e incrementando o comércio ao longo das cidades ribeirinhas. Na segunda metade da década de 1950 os vapores eram o transporte dos estudantes de Xiquexique quando se dirigiam para os colégios em Salvador, pois não existiam rodovias para a Capital. Eram viagens inesquecíveis que duravam até 3 dias sobre as águas do Velho Chico. Ficou famosa a viagem feita no vapor "São Francisco", quando, num determinado momento, os estudantes de Xiquexique foram ameaçados, pelo comandante Joaquim Porto, de serem desembarcados no primeiro porto, ante a balbúrdia que vinham fazendo. Mas, isso é assunto para outra ocasião. Agora nos vamos comentar sobre os principais vapores que ancoravam em Xiquexique, ilustrando cada comentário, se possivel, com uma foto.


I - VAPOR SALDANHA MARINHO


O primeiro vapor a navegar no Velho Chico foi o "Saldanha Marinho" que hoje repousa, intacto em uma praça na cidade de Juazeiro (BA), numa homenagem a todos os vapores. Em 25 de junho de 1867, o Governo de Minas, através do conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, firmou contrato com o engenheiro Henrique Dumont, pai de Alberto Santos Dumont - o pai da aviação – para construir um vapor com 25 HP de força. Nascia o projeto do vapor Saldanha Marinho, único no São Francisco a utilizar rodas laterais. Foi construído na América do Norte e chegou ao Brasil desmontado e, transportado em carretas puxadas por bois e por ferrovias, terminou chegando a Sabará.
Inaugurado em 1871 pelo imperador Dom Pedro II, foi lançado nas águas do rio das Velhas em grande festa. Descendo esse rio atracou na cidade de São Francisco (MG) onde permaneceu por longos anos aos cuidados da Câmara Municipal da cidade, sendo posteriormente conduzido para a cidade de Pirapora onde chegou em 1878.
Durante vários anos, navegou de Pirapora MG a Juazeiro BA. Tinha o apito rouco e estridente, que atraía os moradores ribeirinhos das margens do rio para vê-lo passar com suas duas rodas laterais.
A capacidade de carga do vapor Saldanha Marinho era de 6 toneladas e de 12 passageiros. (JMC-2008)









domingo, 30 de agosto de 2009

RESIDÊNCIAS CLÁSSICAS DE XIQUEXIQUE (BA) (Seu Zeca)



Residência de José Custódio Ribeiro de Moraes (Sr. Zeca).

O Patriarca José Custódio de Moraes (Seu Zeca), casado com Josefa Afonso de Moraes (D. Zefinha), eram oriundos da cidade de Sento Sé (BA) e chegaram em Xiquexique no começo do sec. XX já com alguns filhos. Seu Zeca nasceu em 14.11.1872 e faleceu em 10.10.1944 e D. Zefinha nasceu em 26.11.1870 e faleceu em 26.02.1969.

Em Xiquexique, na condição de proprietário de 3 grandes barcas movidas a vela, continuou com sua atividade de comerciante vendendo e comprado produtos nas cidades ribeirinhas, de Juazeiro (BA) e Pirapora (MG) com passagem pelo Rio Grande, principal afluente do São Francisco. Mais tarde, deixou o comercio fluvial para os filhos, mais novos e dedicou-se ao comércio de grãos e de peles em Xiquexique, transformando-se num dos grandes comerciantes locais.
Em 17.06.1932, José Custódio de Moraes, já com residência fixa foi indicado, junto com outros 4 cidadãos, para compor o Conselho Consultivo de XiqueXique, espécie de câmara Municipal. Em 15.01.1936, foi um dos candidatos a vereador pelo Partido Social Democrático tendo obtido 56 votos de um total de 851 votos dados a 10 candidatos.

Em homenagem ao ilustre cidadão o poder municipal através da Lei nº 40, de 30.11.1965, instituiu em Xiquexique a Rua José Custódio de Moraes.


jmc/ago-09

RESIDÊNCIAS CLÁSSICAS DE XIQUEXIQUE (BA) - Adão Bastos



Residência do Sr. Adão Moreira Bastos.

O Sr. Adão Moreira Bastos, filho de Antônio Nunes Bastos, conhecido com "Seu Tonhá" e de D. Amélia Moreira Bastos, nasceu em 04 de outubro de 1910, em Gameleira do Assuruá (BA), tendo sido criado em Xiquexique onde exerceu a atividade de político e de empresário rural. Também foi Delegado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Em 03.01.1930 casa-se com a Profa. Olga Nogueira Bastos e desse casamento nasceram os filhos Gislene, Gisélia, Rea Sílvia e Luíz Carlos, conhecido como Luizinho que atualmente reside em Xiquexique. Feleceu em 24 de outubro de 1984, com 74 anos de idade. Cursou o Primário na cidade de Barra do Rio Grande-BA, e o Curso Secundário no Colégio Ipiranga em Salvador-BA.
Em 13.03.1945 foi designado Prefeito de Xiquexique, pelo Interventor da Bahia.
Exerceu o mandato de Deputado Estadual Constituinte, como representanto de Xiquexique, pelo Partido Social Democrático - PSD, para o período de 1947-1951 e reeleito para o mesmo cargo e mesmo partido, para o período de 1951-1955. Participou da elaboração da Constituinte Estadual da Bahia, em 1946.
Teve intensa atividade parlamentar, tendo sido titular das seguintes comissões: Polícia Civil e Militar (1947), Indústria e Comércio (1948), Agricultura (1949-1950, 1952), Viação e Obras Públicas (1951, 1953-1954); Viação e Obras Públicas (1952), Agricultura (1953).
A cidade o homenageou dando o nome de Deputado Adão Moreira Bastos e uma de suas ruas.
Em 13.02.1998 teve seu nome colocado na Biblioteca Municipal Dep.Adão Moreira Bastos, por iniciativa do Prefeito Eser Rocha, situada na Rua Antônio Jacobina, anexa ao edifício da Prefeitura. Nessa ocasião estavam presentes o Dep. Estadual Oto Alencar e o filho do homenageado Dr. Luiz Carlos Nogueira Bastos, como Secretario Geral do Ministério da Cultura.
Foi uma grande e merecida festa.
Hoje a famosa residência pertence a Luiz Carlos Nogueira Bastos (Luizinho), filho caçula do casal e que alí fixou residencia. Esperamos que Luizinho envide todos os esforços para a conservação de tão belo prédio. Apenas uma sugestão: bem que poderia ser adquirido pelo poder público, caso fosse exposto a venda, para ali ser instalado um museu da cidade. É só uma sugestão. (JMC-ago/2009)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

RIO SÃO FRANCISCO - Lendas e Mitos


LENDAS E MITOS

A LENDA DA SERPENTE DO MIRADOURO

A nossa querida e conhecida Ilha de Miradouro, próxima a Xiquexique, com área de 72 km² (12 km de cumprimento por 6 km de largura), formada por um braço do rio São Francisco e com acesso único através de canoas é para onde, todos os anos a população de Xiquexique para lá se desloca em honra da festa religiosa de Senhora Santana, no dia 26 de julho, também tem a sua lenda particular, há muitos anos conhecida e relatada pelos nativos que contam a estória de uma Serpente Encantada, que vive debaixo do altar mor da Igreja do Miradouro.
A lenda contada diz que a Igreja de Senhora Santana, do Miradouro, foi construída por um caboclo rico chamado Rubério Dias Muribeca para abrigar sua mãe que virara serpente e por isso fora acorrentada embaixo do altar mor da referida Igreja. Contam ainda os ilhéus que a cada sete anos, acontece um estrondo dentro da Igreja e os moradores são obrigados a rezar o Ofício de Nossa Senhora, sob pena de a cobra aparecer e sair destruindo tudo pela frente. Apesar da Igreja haver sido construída no início do século XVIII e a população ter certeza da existência da grande cobra embaixo do altar, ninguém até hoje a viu. (JMC-set/2008)

POR DO SOL EM XIQUEXIQUE



PÔR DO SOL EM XIQUEXIQUE

À tardinha, as canoas transportando o produto da pesca diária procuram a beira do rio para ancorarem e permitir o merecido descanso aos pescadores. A beira do rio, com certeza, está apinhada de pessoas desejosas de adquirir o pescado ainda fresquinho, recém pescado, característica de todo barranqueiro que ainda não se acostumou a comer peixe congelado.

HISTÓRIA: ORIGEM DE XIQUEXIQUE

ORIGEM DE XIQUEXIQUE

No dia 6 de julho de 1832 o Conselho Provincial da Bahia assina decreto criando o Município e a Vila de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, desmembrado do Município de Jacobina. E, em 23 de outubro de 1834 finalmente é instalado o Município de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Xiquexique, por ordem do Conselho Provincial da Bahia, tendo em 1853 sido criada a Comarca de cidade.
No que pesem os registros históricos acima a origem propriamente dita da cidade é bastante polêmica sobressaindo-se entre todas as duas versões narradas a seguir:

Contam que a cidade de Xiquexique se originou de um grupo de pessoas residentes na Ilha do Miradouro, talvez aqueles mineradores que voltavam da Serra do Assuruá, e que teriam se fixado na margem da Ipueira, como pescadores, face à grande quantidade de peixes naquele trecho do rio. Como na margem da Ipueira existia muita vegetação denominada de xiquexique, o nome do lugar onde os pescadores acampavam passou a ser assim denominado. Dizem que quando saiam da Ilha do Miradouro para pescarem na Ipueira diziam que iam para o xiquexique.

Essa é uma versão muito simplória e sem nenhum apelo romântico além da inexistência de vestígios que sustentem a estória, principalmente porque no local onde hoje está a cidade não existe essa grande quantidade de cactáceas e não é possível que essa vegetação tenha sido exterminada. Acredito que seja uma versão inventada por alguém sem embasamento real. Prefiro ficar com a versão adotada pela maioria da população, tida por alguns como lenda mas é exatamente a perspectiva de ser uma lenda que torna bonita as origens das mais importantes cidade do mundo. Veja, só para citar um exemplo a estória de Remo e Rômulo que fundaram Roma.

A estória da fundação de Xiquexique que vai ser contada agora é tida como verdadeira por todos da cidade, apesar da inexistência de documentos que registrem o fato. Mas, caso seja uma lenda isso em nada desmerece o lugar, pois todas as lendas sempre têm um fundo de verdade.

Conta, pois a histórica/lenda, aceita e aprovada pelos xiquexiquenses, que no século XVII junto com os famosos bandeirantes que, naquela época adentravam os sertões brasileiros a procura de riquezas (pedras preciosas e ouro), também chegou para se acampar na Ilha do Miradouro um mascate que sempre acompanhava o grupo de exploradores para vender seus muitos e variados produtos transportados em uma tropa de dezenas de burros. Era um dos famosos tropeiros que cortavam o interior do País mascateando como meio de sobrevivência e vendendo s uas mercadorias, que supriam as diversas necessidades dos bandeirantes desde gêneros alimentícios não perecíveis passando por produtos de uso pessoal e também mercadorias de caráter religioso que tinham grande aceitação entre aqueles homens rudes e esperançosos.

Pela madrugada ao acordar para reiniciar viagem o tropeiro sentiu a falta de um dos burros, justamente o que transportava a carga que ele considerava a mais valiosa, representada por uma imagem de Jesus Crucificado, conhecido como Senhor do Bonfim e réplica do Senhor do Bonfim, imagem milagrosa de Salvador. Imediatamente entrou em desespero com o sumiço do burro e do crucificado e decidiu suspender a viagem para só voltar a pensar nesse assunto quando tivesse encontrado a sua tão valiosa imagem do Senhor do Bonfim. Iniciou então uma busca minuciosa por toda a Ilha do Miradouro, tendo gasto mais de 3 dias nessa procura, sem nenhum sucesso. A cada dia o seu desespero aumentava, pois não se conformava com a evaporação do animal com tão precisa carga numa ilha. Não poderia ter atravessado o rio a nado, mesmo sendo relativamente estreito no local do acampamento.

Concluído o quinto dia de procura sem solução, resolveu apelar para o transcendental e fez a seguinte promessa: se o animal fosse encontrado com a carga ele faria uma pequena capela para a imagem do Senhor do Bonfim, exatamente no local onde o burro estivesse e nesse pequeno templo deixaria a tão bonita imagem de Cristo. No dia seguinte, como que orientado por alguma força, resolveu atravessar a parte estreita do rio que forma a Ilha do Miradouro e se dirigiu para a margem da Ipueira, local onde os pescadores montavam os seus acampamentos para pescar e onde se situa a atual cidade de Xiquexique.

Em lá chegando, com poucas horas de procura foi tomado de grande emoção por encontrar o animal descansando sob uma árvore com a valiosa carga totalmente intacta. Imediatamente, cumprindo a promessa, fez a pequena capela e colocou a imagem do Senhor do Bomfim, a mesma que, até hoje, se encontra na Igreja Matriz de Xiquexique e é comemorada no dia 1º de janeiro de cada ano, festa antecedida por um novenário que movimenta toda a cidade, por ser a festa do padroeiro da cidade.

A história da fundação de Xique Xique está registrada na Enciclopédia Brasileira dos Municípios, Volume XXI, páginas 420 e seguintes e é assim contada:
“O primeiro núcleo povoado estava situado na Ilha do Miradouro e foi formada por pescadores atraídos pela grande quantidade de peixes da ipueira ali existente. Mais tarde transportaram-se para terra firme (...) A atual cidade teve origem na Fazenda Praia, pertencente a Theobaldo José Pires de Carvalho, nascendo em 1700 um arraial como o nome de Chique-Chique, que em 1732 era ainda aldeia de pescadores. A capela aí construída, dedicada ao Senhor do Bonfim e Bom Jesus, foi elevada à categoria de Freguesia pelo arcebispo D. Sebastião Monteiro da Vide”

RESIDÊNCIAS CLÁSSICAS DE XIQUEXIQUE (Seu Gringo)


Residência do Sr. Francolino José dos Santos
(Seu Gringo)

O Sr. Francolino José dos Santos, conhecido na cidade como “Seu Gringo”, nasceu no município de Morro do Chapéu em 12.02.1891 e, ainda adolescente, mudou-se para Xiquexique onde se tornou um dos maiores comerciantes da cidade, com casa comercial Armazém Guarani, instalada na beira do rio. Durante muitos anos foi Agente da Navegação Baiana, que administrava os vapores que navegavam pelo São Francisco, cujo porto era ao lado da sua casa comercial. No final do ciclo da borracha de maniçoba, que começou em 1870 e foi até 1912, o Sr. Gringo para se livrar das brigas políticas que aconteciam em Xiquexique mudou-se para o povoado de Icatu, no município da Barra e lá passou a exercer a sua atividade comercial.
Em 1936 o Sr. Gringo se candidatou a vereador por Xiquexique, pela legenda Concentração Autonomista tendo obtido 9 votos dos 232 dados ao Partido. Em 13.02.1948 casou-se no Forum Rui Barbosa em Salvador, com a Professora Eufrosina Camandaroba, nascida em 19.02.1919 e tiveram 4 filhas: Janete, Divina, Cleusa e Rosinha. Toda a família viveu na bonita casa ao lado, que está situada na Av. J.J. Seabra. Pelos grandes serviços prestado à Xiquexique, a Lei Municipal nº 352, de 04.12.1992, denominou de Praça Francolino José dos Santos, o largo em frente ao foro da cidade. Atualmente a casa onde residiu o Sr. Gringo, pertence à Profa. Rosângela Camandaroba, filha mais nova, nossa conhecidíssima Rosinha que vem mantendo o prédio em ótimo estado de conservação. Parabéns a Rosinha por continuar preservando essa excelente obra arquitetônica que tanto embeleza a nossa cidade.
JMC-SET/09

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

RIO SÃO FRANCISCO - Lendas e Mitos

LENDAS E MITOS DO RIO SÃO FRANCISCO


Dada a sua vasta extensão territorial e sua mistura de raças, o Folclore Brasileiro é muito diversificado, o que nos leva a pensar, quando se viaja de norte a sul, que estamos em outro país, com mesma língua, diferentes dialetos, sotaques e lendas.
O folclore abrange lendas, danças, crendices, músicas, jogos, provérbios, adivinhações, poesias e outras manifestações da cultura popular, que são basicamente transmitidas de forma oral e constituem a alma de um povo. Por isso são importantes sua difusão e sua valorização.

As lendas são estórias contadas por pessoas e transmitidas oralmente através dos tempos. Misturam fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da fantasia. As lendas procuraram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.

Os mitos são narrativas que possuem um forte componente simbólico. Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar, cientificamente, os fenômenos da natureza, criavam mitos com este objetivo: dar sentido as coisas do mundo. Os mitos também serviam como uma forma de passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigos ou defeitos e qualidades do ser humano. Deuses, heróis e personagens sobrenaturais se misturam com fatos da realidade para dar sentido à vida e ao mundo.
O Folclore do Rio São Francisco é permeado de lendas, mitos e “causos”, transmitidos através de gerações pelos povos ribeirinhos. Existe toda uma literatura relacionada aos mistérios do rio envolvendo seres imaginários que moram nas profundezas das águas, histórias essas repassadas por gerações de barqueiros e pescadores.

O fato de ter ficado por longo período isolado desenvolveu, no sãofrancciscano, suas crendices e medos dentro do seu próprio universo. Nada trazido de outras regiões. A maioria dos duendes, bons ou maus, são ligados à água, na qual fazem seu habitat.
Devido à riqueza folclórica do Rio São Francisco estaremos divulgando neste Blog, semanalmente, as principais lendas e mitos do rio. É uma forma de não deixar morrer a nossa cultura ribeirinha principalmente junto aos jovens beiradeiros.


I) A LENDA DA ORIGEM DO RIO SÃO FRANCISCO.

Nada mais justo que começar com a lenda da origem do Rio São Francisco. É uma lenda indígena. Contam que em antiqüíssimas eras, várias tribos de índios viviam, nos chapadões. Entre eles a linda e doce índia de nome Iati estava noiva de um forte guerreiro, quando estourou uma guerra nas terras do norte e todos os homens seguiram para o local da luta, incluindo o noivo da bela Iati. Eram tantos guerreiros que os seus passos afundaram a terra formando um grande sulco. A formosa índia tomada de saudades pelo seu amado chorou copiosamente durante vários dias. Suas lágrimas foram tantas que escorreram pelo chapadão despencando do alto da serra formando uma linda cascata, e, caindo no sulco criado pelos passos dos guerreiros escorreram para o norte e lá muito longe se derramou no oceano, e assim se formou o rio São Francisco.
Bonita e ingênua lenda. (JMC-ago/2009)



I

O PÔR DO SOL EM XIQUEXIQUE (BA)


BELO POR DO SOL
No que pese o "paredão" impedir a bela visão do Rio São Francisco ao passar por Xiquexique, ele não conseguiu impedir que o sol inunde o horizonte de um vermelho sanguíneo quando está se pondo. Quando estou em Xiquexique nunca deixo de à tardinha, subir no "paredão" e dalí aprecisar a bela paisagem que foi fixada em foto. Nada mais belo que a noltagia do canoeiro que ao longe, lentamente se encaminha para sua pequena casa na beira do rio após uma farta pescaria. Ja está garantido o alimento da família para o dia seguinte. (JMC-ago/2008)

RESIDÊNCIAS CLÁSSICAS DE XIQUEXIQUE (Cel José Nogueira)





RESIDÊNCIA DO CORONEL JOSÉ DE SOUZA NOGUEIRA.



Belo palacete onde residiu a família Nogueira que tinha como patriarca o Coronel José de Souza Nogueira, casado com D. Alcina de Souza Nogueira. Foi construída no início do Sec. XX e ficava situada na Praça 6 de julho ao lado da Igreja Matriz. Há pouco menos de 10 anos, já no sec. XXI, essa belíssima casa foi tristemente demolida por um descendente do Coronel José Nogueira para a construção de uma outra casa de beleza bastante inferior (vide foto colorida menor). O Coronel José Nogueira teve forte atuação na política em Xiquexique. Em 17.12.1930, torna-se prefeito de Xiquexique e em outubro de 1931 convoca toda a população para participar de festejos cívicos em comemoração ao primeiro ano da Revolução de 30. O Jornal A ORDEM em seu nº XVIII, de 13.12.1931, publica alguns agradecimentos ao prefeito José de Souza Nogueira, tais como a retirada do lixo das ruas e a mudança do nome da Rua dos Aflitos para Rua Castro Alves. Por ocasião da grande seca de 1932, o Prefeito José de Souza Nogueira não mediu esforços e providências no atendimento as flagelados tendo inclusive telegrafado ao Interventor da Bahia, Tenente Juraci Montenegro Magalhães rogando-lhe ajuda para amenizar os efeitos da seca que continuava destruindo vidas humanas no município de Xiquexique. O prefeito José Nogueira, como parte da comemorações do Centenário de Xiquexique, que ocorreria no dia06 de julho de 1932, inaugurou a Praça 6 de julho, situada nos fundos da Igreja. (JMC-jul/2009)

domingo, 16 de agosto de 2009

O jardim dos anos 1950

Eis uma foto da Praça D. Máximo com o jardim original construído pelo Prefeito João Soares. Era nesse ambiente que os jovens estudantes de Xiquexique (BA) passeavam à noite, de mãos dadas com as namoradas. E não eram só os estudantes que frequentavam o jardim. À noite, todos que procuravam um ponto de lazer se dirigiam para a Praça D. Máximo. Alí, sem mudança da rotina, passeávamos e aprendemos a conviver com os períodos de luz eletrica e de escuridão, nos tempos em que a energia nos era fornecida pela caldeira instalada na Usina. Hoje a caldeira serve de marco histórico instalada na Praça 6 de julho. Na foto, além do desenho do jardim já modificado nota-se a presença de algumas residências e casas comerciais que foram demolidas e sustituidas. Vale como recordação.

sábado, 15 de agosto de 2009

O Paredão

Com o argumento de livrar a cidade de Xiquexique (BA), das frequentes enchentes do Rio São Francisco, as autoridades federais e Estaduais construiram um paredão de concreto à semelhança do muro de Berlim cassando dos moradores o direito de apreciar a bela visão das águas do rio e principalmente o belissimo por do sol na cidade, como se isso não bastasse, o famigerado PAREDÃO foi transformado em sanitário público exalando por toda a redondeza o mão cheiro proveniente de fezes e urinas humanas que alí são deixadas. Alem do enfeiamento da cidade e da ameaça à saúde pública da população a construção do "muro" previu, ainda, a construção de pequenos quartinhos de no máximo 2 metros de frente que atualmente são utilizados como pequenas bodegas que vendem bebidas alcoolicas, geralmente cachaças para a população de menor renda, causando uma decadência da rua da frente, paralela ao rio e que nos anos 50 concentrava o grande comercio local

Atualmente, com a construção das barragens de Três Marias em Minas e Sobradinho na Bahia, o rio está com o curso estabilizado e não mais oferece o perigo de inundação da cidade. É hora pois de se pensar em destruir aquela coisa e permitir que o povo desfrute de uma melhor qualidade de vida, apreciando o rio e o seu por-do-sol passeando à tardinha pela Rua da Frente, após um completo sanemaneto da nobre área.
A elite local (políticos, comerciantes, profissionais liberais) poderá facilmente resolver essa grave questão em benefício do embelezamento da cidade e do bem estar da população. (JMC-jul/2009)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Visita Anual a Xiquexique

VISITA ANUAL A XIQUEXIQUE

Este ano repetindo um ritual que venho fazendo ao longo da minha vida, passei 15 dias em Xiquexique, de 17 a 31 de julho p/passado. Como sempre acontece nessas ocasiões foram dias muito alegres e cheios de satisfações. Essa é a oportunidade para rever os amigos de muitos anos e percorrer alguns lugares por onde transitei na minha infância e adolescência. Não me canso de várias vezes me dirigir à beira do rio e ficar olhando para a ipueira relebrando os dias que passava pescando mandim e pulando do cais (que não mais existe), quando o rio estava enchendo e permitia o salto.
Mas, uma coisa ainda continua me entristecendo e me incomodando. É a falta de uma BANCA DE REVISTA na cidade. Acredito que seja a única comunidade do mundo com 45.000 habitantes que não dispõe desse instrumento de cultura. Passei o absurdo de ficar 15 dias sem ver um jornal sequer. Procurei um como se procura uma agulha num palheiro. Simplesmente não existe na cidade. Se alguem possui algum exemplar o esconde sob 7 chaves.
É necessário, pois, que os lideres da cidade deem um jeito de o xiquexiquense ler. O maior analfabeto não é quem não sabe ler e sim aquele que, sabendo, não lê. Quem não lê não tem opinião, vive desatualizado, não sabe escolher e fica sem saber o que está acontecendo no resto do mundo. Vamos meus conterrâneos. Introduzamos o JORNAL e as revistas semanais na cidade para que sejam lidos pela população. (JMC-jul/2009)
PRAÇA 06 JULHO


A população de Xiquexique acostumou-se a comemorar o aniversário da cidade no dia 13 de junho de cada ano, tendo como base a data da Lei Estadual nº 2.028, de 12.06.1928, que elevou a vila de Xiquexique a categoria de cidade.

Mas, o território de Xiquexique é muito mais velho e data de 06 de julho de 1832 quando um Decreto Imperial demarcou nosso município desmembrando-o do vizinho Sento-Sé. Essa data está perenizada na Praça 06 de julho, também conhecida como “Praça da Caldeira”. Assim a nossa cidade conta com 177 anos e não com os 81 comemorados este ano.

Antes da chegada da caldeira, existia naquele largo atrás da Igreja um modesto obelisco erguido no centro de um pequeno círculo cimentado de 15 metros de diâmetro, ocasião em que foi denominado de Praça 06 de julho. Mas, no que pese a nobre denominação ficou sem o reconhecimento do povo e como endereço residencial era conhecido como “Praça do Pirulito”.

No ano de 2002, a Academia de Letras de Xiquexique, celebrou uma justa homenagem à referida data histórica relembrando o Decreto Imperial que criou o nosso Município de Xique Xique em 1832. Não obstante oesforço essa data ainda não tem a devida importância dentro do nosso calendário de eventos comemorativos. É desconhecida inclusive, pelos professores locais e pelos estudantes.

O 6 de julho, que é a data mor, continua esquecida e preterida. Até quando?



FESTA DE SENHORA SANTANA - GAMELEIRA(2009)

Este ano, a festa de Senhora Santana na Gameleira, no dia 26 de julho, teve um caráter especial ante a presença do Cidadão do Mundo, Dom Luiz Flávio Cappio, bispo da Diocese de Barra. Dom Luiz, antes de ser sagrado Bispo, ainda como Frei Franciscano morou como ermitão, durante muito tempo, em uma humilde casinha em cima da Chapada Diamantina, próxima a Gameleira. Assim não é um desconhecido na comunidade de Gameleira, antes, pelo contrário é figura importante e benquista na região. Por isso o povo de Gameleira não tinha nenhum acanhamento em se aproximar daquela celebridade e solicitar seus conselhos. Por outro lado Dom Luiz ou Frei Luiz como é carinhosamente chamado por aquele povo, demonstrava uma intensa alegria ao receber cada um dos seus conhecidos fiéis.

A missa do dia 25, véspera da festa, foi celebrada, como sempre pelo Padre Paulo, filho da terra que reside em São Paulo. Todos os anos, chova ou faça sol, lá está ele após enfrentar vários tipos de transportes de modo que esteja presente no dia da festa religiosa mais importante do lugar. No dia seguinte coube ao Bispo Dom Luiz Cappio presidir todas as celebrações religiosas, começando com os batizados pela manhã, a procissão à tarde e a missa campal às 18 horas.

Foi um dia de muita alegria para os gameleirenses que ficaram na esperança de que Dom Luiz retorne para a festa de Santana de 2010.