quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Aconteceu em Xique-Xique (BA) no século XIX: CÂMARA RELATA LUTAS NA CIDADE


Longa carta da Câmara relatando lutas violentas

– 1848 –

     No dia 23 de abril de 1848, a Câmara Municipal de Xique-Xique envia ao Presidente da Província da Bahia, Dr. Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos, uma longa carta relatando os fatos acontecidos na sede municipal e descrevendo com detalhes e minúcias os episódios e as pessoas que se envolveram neles, cujos principais tópicos estão abaixo:
"Fatos estúpidos registram-se em Chique-Chique, desde 13 de abril. O Partido Conservador lidera o desrespeito às leis e às autoridades, praticando crimes e excessos de todo gênero. Impede ao Juiz de Paz presidir a formação da mesa da Câmara Municipal.
O Partido Conservador encheu a sede da vila de cabras e de criminosos, bloqueou a Igreja Matriz".
     A Câmara Municipal fez questão de identificar nominalmente os líderes do Partido Conservador, que tinha o apelido de "Marrão".
     Estão no texto da carta os nomes dos seguintes dirigentes do Partido Conservador: Manoel Martiniano de França Antunes, Antônio Joaquim de Magalhães e Emídio José de Carvalho.
    A carta acrescenta, ainda: “e um filho do 1º suplente do Juiz Municipal.”
    Na sequência da carta, a Câmara continua denunciando o Partido Conservador:
"O pessoal do Partido Conservador abriu fogo contra quem estava no templo da Igreja Matriz do Senhor do Bonfim, obrigando a gente do Partido Liberal a esconder-se no interior do templo e nas casas vizinhas.
Como consequência morre o policial de nome Firmino.
Por pressão do pessoal do Partido Liberal houve uma trégua e o Juiz de Paz tenente-coronel Silvestre Xavier Guimarães marcou a data das eleições para o dia 21 de abril. Entretanto o Partido Conservador não abandonou as trincheiras. E perturbou o pessoal que dirigia a Mesa das Eleições.
O Partido Conservador estava pronto para fazer um saque na vila. Algumas casas adversárias liberais foram arrombadas e levaram tudo. Sabe-se que o Partido Conservador quer fazer um massacre, depois da retirada do povo, esperando-se grandes conflitos e talvez desgraças.
O capitão José Francisco Santiago, com a polícia a seu cargo, tem procedido muito bem e mantido a ordem quanto possível, não podendo mais fazer porque além do tumulto e conflagração projetadas, é certo que a “senha” é dada pelo próprio delegado Liberato de Novais Sampaio, pelo juiz municipal Emídio José de Carvalho e pelo adjunto Antônio Joaquim de Magalhães; tanto assim que desde que começou tudo, eles abandonaram a comunidade, passando-se para o lado oposto do rio".
     Concluindo, afirmam: "Confiaram eles a seus cabras e criminosos a sorte do partido comum".
      Os nomes dos vereadores que assinaram a carta acima são: João Batista Avelino – presidente, Hermenegildo de Souza Nogueira, Inocêncio da Costa Torres, Francisco Antônio Pereira Bastos, Praxedes Xavier da Rocha e José Francisco Guimarães.
 
Fonte: "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique", de Cassimiro Neto

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